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Receita para chegar aos 100? Não se isole, cultive relacionamentos

Esqueça as famosas Blue Zones (Zonas Azuis), regiões do mundo onde as pessoas vivem significativamente mais do que a média global. Ken Stern decidiu buscar o...

Receita para chegar aos 100? Não se isole, cultive relacionamentos
Receita para chegar aos 100? Não se isole, cultive relacionamentos (Foto: Reprodução)

Esqueça as famosas Blue Zones (Zonas Azuis), regiões do mundo onde as pessoas vivem significativamente mais do que a média global. Ken Stern decidiu buscar o segredo da longevidade nos grandes centros, em ambientes urbanas complexos – e para isso viajou por países como Espanha, Itália, Coreia do Sul, Japão e Singapura. O resultado está no recém-lançado Health to 100: how strong social ties lead to long lives (Saúde até os 100: como laços sociais fortes levam a vidas longas). Conexões sociais: o segredo para uma longevidade ativa Wikimedia Commons “Um cidadão de Tóquio vive, em média, dez anos a mais do que um nova-iorquino. No Japão, manter-se ativo faz parte da cultura do país e é considerado essencial para envelhecer bem. Muitas empresas oferecem jornadas flexíveis para que idosos permaneçam no mercado de trabalho. Fui atrás de histórias que deram certo em cidades cheias de desafios, principalmente no que diz respeito ao combate à solidão e na promoção de anos de vida saudáveis”, afirmou em entrevista. Stern é um “militante” de longa data: fundador do Longevity Project, apresenta o podcast Century Lives, do Stanford Center on Longevity. No livro, destaca iniciativas como os “superblocos” de Barcelona: áreas livres do tráfego de carros, criadas para incentivar a interação comunitária. E revela que se encantou especialmente com o modelo criado por Singapura para estimular a convivência intergeracional: “Como o Estado é o principal proprietário de terras e responsável pelas políticas de moradia, há uma ação intencional do governo de promover a intergeracionalidade. Por exemplo, antes dos 35 anos, uma pessoa não pode ter seu próprio apartamento e mora com os pais. As famílias são alocadas próximas umas das outras, de modo que diversas gerações possam conviver. Também está em curso uma reformulação dos espaços que antes eram destinados para idosos. Eles vêm sendo transformados em centros de convivência para todas as idades: são bem localizados, perto do metrô, para que toda a comunidade possa frequentá-los”. A ONU prevê que o mundo terá 3,7 milhões de centenários até 2050. Considerando a queda nas taxas de natalidade em muitos países, as populações envelhecidas serão, cada vez mais, um elemento indispensável para a vitalidade da sociedade. Stern lamenta que os Estados Unidos tenham ficado para trás na qualidade de vida de seus cidadãos e aponta uma grande mudança social, ocorrida na década de 1980, pode explicar pelo menos parte desse retrocesso: “Foi quando instituições que eram pontos de conexão social, como igrejas, clubes, associações e sindicatos, foram sendo desmanteladas. Até o século XX, várias gerações viviam sob o mesmo teto. A situação mudou quando as pessoas acima dos 55, 60 anos foram incentivadas a morar com outras da mesma idade, em condomínios que acabaram por acentuar a segregação geracional”. Stern ressalta que, para garantir uma longevidade ativa, há diversos elementos da maior relevância, tais como melhorar o sistema de saúde e incentivar a atividade física, mas nenhum é tão importante quanto o fortalecimento dos laços sociais. “Nossas conexões funcionam como uma espécie de ‘imunização social’ para enfrentar os desafios contemporâneos. Estimular a convivência é uma iniciativa que deve ser levada a sério pelos gestores de políticas públicas”, enfatiza. Confessa que é um introvertido, mas dá sua própria receita para não se isolar e criar novos laços: “aprendi que é importante a gente se expor a situações nas quais estamos em contato com outras pessoas, como fazer parte de algum grupo, dar aulas, ou atuar como voluntário. Aos 62 anos, já penso em como quero viver aos 70 e, com certeza, desejo contribuir para uma maior convivência entre as diferentes gerações”. Ken Stern, autor de lançado Health to 100: how strong social ties lead to long lives (Saúde até os 100: como laços sociais fortes levam a vidas longas) Divulgação Centenários do Ceará juntos há 84 anos têm casamento mais longevo do mundo atualmente

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