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Conheça a lenda da casa com 365 janelas construída em Pirenópolis

Desenho feito pelo artista pirenopolino Pérsio Forzani, exposta no gabinete do prefeito de Pirenópolis Arquivo pessoal/Adriano Curado Já imaginou viver em um...

Conheça a lenda da casa com 365 janelas construída em Pirenópolis
Conheça a lenda da casa com 365 janelas construída em Pirenópolis (Foto: Reprodução)

Desenho feito pelo artista pirenopolino Pérsio Forzani, exposta no gabinete do prefeito de Pirenópolis Arquivo pessoal/Adriano Curado Já imaginou viver em uma casa com mais de 365 janelas? Essa é uma lenda que envolve uma figura histórica de Pirenópolis, no Entorno do Distrito Federal. A casa teria sido construída e demolida no século XIX, e mistura fatos com o imaginário da população (conheça a lenda do casarão abaixo). A lenda conta que o enorme casarão, chamado por muitos de palácio, foi construído a mando do comendador Joaquim Alves de Oliveira. Com mais de 300 janelas, a casa seria uma demonstração de seu poder econômico. Não se sabe ao certo em que ano a casa teria sido construída. Mas, segundo relatos, o casarão foi demolido por volta de 1868, 17 anos após a morte do comendador. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp No livro Viagens pelo interior de Minas Geraes e Goyaz, do juiz Virgílio Martins de Mello Franco, o autor descreve o que ouviu sobre a casa. "Construído em quadrilátero, com duas áreas uniformes no centro, era um edifício de dois andares com 300 portas e uma infinidade de janelas. As frentes eram avarandadas e decoradas de vidros de primeira qualidade para o reflexo da luz solar'", recita o pesquisador. Veja os vídeos que estão em alta no g1 O juiz descreve ainda que todos os aposentos eram decorados com lindos espelhos, vasos delicados e quadros de diversos pintores. Diz ainda que os andares tinham uma multidão de quartos mobiliados, mas que tudo ficou em ruínas após o falecimento do comendador. Não há fotos do casarão e poucas evidências que poderiam comprovar sua existência, menos ainda o número de janelas da casa. Entretanto, o artista pirenopolino Pérsio Forzani fez um desenho, baseado em seu próprio imaginário, de como seria o palacete (veja a foto no início do texto). LEIA TAMBÉM: Conheça a história de uma das casas mais antigas de Goiânia, que é mais velha que a capital Setor Campinas faz 212 anos; veja fotos e conheça a história do bairro Césio-137: Conheça história da mulher que evitou que tragédia radioativa em Goiás fosse ainda maior Fato x Lenda Segundo João Oliveira Ramos Neto, historiador e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), é praticamente impossível atestar a existência do casarão com essa quantidade de janelas. De acordo com ele, evidências históricas o fazem acreditar que o casarão pode ter existido, mas que essa quantidade de janelas é um exagero. "Não acredito que a existência foi real porque, à época, nem o Rio de Janeiro, que era a capital do Império, tinha uma obra tão majestosa assim. Basta compararmos com o Museu Imperial, em Petrópolis, da mesma época, que não tinha 100 janelas", disse ele em entrevista ao g1. A localização da casa e o contexto econômico em Goiás na época também seriam um indicativo de que um casarão com tantas janelas não existiu naquele período. "É muito difícil que um fazendeiro do interior do Brasil, teria uma mansão muito maior que a da elite econômica do país na capital. A população de Goiás, e o número de escravizados à época, dificilmente teria mão de obra suficiente para uma construção tão grande", ressaltou. Além disso, o número "365" também chama a atenção pelo simbolismo que carrega, representando o número de dias em um ano, como em mitologias. Ou seja, é provável que um casarão construído pelo comendador tenha existido, mas impossível comprovar toda essa grandiosidade sem fotos ou outros documentos do período. A casa e o comendador De acordo com a professora Adriana Mara Vaz, Joaquim Alves de Oliveira foi dono do que seria o maior engenho de Goiás, o São Joaquim, e supõe-se que grande parte de sua fortuna tenha vindo do comércio de escravos. Segundo as informações, sua reputação na cidade não foi construída somente pelo comércio e negócios, mas principalmente por sua atuação como um homem público e mecenas, incentivador da cultura e da arte. "O comendador inaugurou o primeiro jornal da província, A Matutina Meyapontense, uma tipografia, uma biblioteca, uma banda de música, assim como valorizou os festejos populares e ajudou na reconstrução da igreja", remonta a pesquisa da professora. Pintura de Forzani que retrata o comendador feita com base em relatos orais Arquivo pessoal/Adriano Curado Segundo o pesquisador Adriano Curado, no livro A Casa dos Homens, de Jarbas Jayme, o escritor se pergunta sobre os motivos que o comendador teria para construir um casarão tão grande, que teria sido mencionado em seu testamento. "Perguntamos nós, porque tamanha suntuosidade, quase inútil, a um homem famoso pelo equilíbrio e inteligência. Que o comendador, apesar de viúvo, pensava em morar no palacete, é evidente, por que teria mudado de ideia?", diz o escritor no livro. Em ruínas O comendador faleceu em 4 de outubro de 1851, com 81 anos de idade. De acordo com o pesquisador Adriano Curado, Maria Conceição teria morado na casa por algum tempo, mas não conseguiu mantê-la. Segundo os relatos, a família começou a vender os objetos de valor que haviam na casa como pratarias, móveis e obras de arte. "Deste belo edifício só restam ruínas. Com a morte do proprietário, tudo se estragou. Os objetos foram vendidos pela décima parte do seu valor e os que escaparam da bárbara destruição, hoje existem em mãos de vários particulares que os arremataram em praça pública por pouco mais de nada", diz o livro do juiz Virgílio Martins de Mello Franco. Adriano, que pesquisa a história da cidade de Pirenópolis, conta que o comendador tinha um grande edifício onde hoje funciona o Museu da Família Pompeu. O casarão pode ter sido construído no fundo do mesmo terreno, onde hoje fica localizada a Rua Sizenando Jaime. Museu da Família Pompeu em Pirenópolis, Goiás Divulgação/Prefeitura de Pirenópolis Segundo ele, o imóvel não teve muita participação na vida social da cidade, sem sediar bailes, saraus e outros eventos, "ficou meio que um elefante branco, perdido no pasto do comendador". Ainda assim, sua suposta grandiosidade vive nesta lenda e sobreviveu às ruínas do casarão do comendador. VEJA TAMBÉM | Conheça história de uma das casas mais antigas de Goiânia Conheça história de uma das casas mais antigas de Goiânia 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás

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